Verão
Alice tirou o chapéu de palha da cabeça e abanou-se com ele. Felizmente, estava à sombra do telheiro da esplanada. No entanto, o calor insuportável tinha-se infiltrado em todos os cantos da pequena cidade. Apesar de só ter o biquíni e uns calções vestidos, sentia o suor acumular-se nas peças de roupa. Quem lhe dera poder se enfiar na piscina pública, que estava fechada para manutenção, ou mesmo no mar, queimando os pés na areia e tendo o corpo fustigado pelo vento quente, e não sair até à noite, altura em que o calor parecia abater um pouco e uma leve brisa fresca carregada de maresia enchia as ruas. Alice suspirou. Quando saiu de casa essa manhã não esperara uma vaga de calor como aquela. O inferno tinha definitivamente subido à Terra. Nem os turistas se deixavam apanhar na rua com aquele calor então por que carga de água não tinha ela fechado ainda a sua esplanada? Olhou para trás de si. Os seus três empregados estavam quase desfalecidos nas cadeiras. Não admirava. O ar condicionado tinha decido avariar a semana passada e a reparação ainda não tinha sido concluída. Alice suspirou outra vez. Quem quer que fosse que trabalhava nas reparações devia de ser pago à hora e por isso demorava uma eternidade de propósito! Sentiu uma pontada de inveja ao pensar nisso. Nunca tivera problemas com o dinheiro na esplanada, conseguia sempre ter dinheiro de sobra para pagar as contas e os salários. Contudo se fosse paga à hora então valia a pena estar naquele sofrimento. Porém não era nem os seus funcionários. Então por que é que teimava em manter a esplanada aberta?
- Chefe. Temos mesmo que ficar abertos o resto do dia?
Alice olhou para Hugo. Ele estava ao seu lado completamente vermelho do calor. Numa mão segurava uma daquelas pequenas ventoinhas coloridas, a dele era verde, e na outra uma folha qualquer que ele tinha arranjado e dobrado em leque. Ela reparou na reação dos outros dois ao ouvirem a pergunta de Hugo. Eles estavam a sofrer mais que ela naquele calor uma vez que eram obrigados a ter uma t-shirt vestida. Alice suspirou e levantou-se, esticando as pernas. Realmente, por que tinha esperado tanto a se decidir a fechar a esplanada?
- Não quero ninguém a morrer na minha esplanada. Vamos lá fechar isto.
- E amanhã se também estiver assim? Como fazemos?
Alice olhou para a rapariga. Renata costumava trabalhar sempre atrás do balcão ou até mesmo na cozinha quando a afluência de clientes o permitia. Alice compreendia as preocupações da rapariga. Ela precisava de dinheiro para pagar o seu curso superior e o Verão era a melhor altura para conseguir esse dinheiro. Alice não lhes ia poder pagar o salário normal se tivesse que fechar por causa do calor e a rapariga, provavelmente, tinha medo de não ter dinheiro suficiente quando as aulas recomeçassem. Alice suspirou. Por vezes desejava não conhecer os seus funcionários tão bem quanto conhecia. Porém esse era o mal de viver numa cidade tão pequena. Uma pessoa não podia olhar de lado para outra que todos saberiam no dia a seguir. E ela conhecia os seus três funcionários desde que que eram miúdos. Tinha sido ama-seca de Renata, colega do irmão mais velho de Hugo e vizinha de André pelo que os conhecia a todos melhor do que seria considerado normal. Eram todos como uma família gigantesca. Irmãos, quase. Alice suspirou. Que podia fazer?
- Podia mudar o horário da esplanada nos próximos dias para ficar aberto até mais tarde como um bar mas…
Um olhar rápido pelo rosto dos três disse-lhe tudo o que precisava de saber. Todos eles estavam ali por precisarem. Todos eles tinham contas para pagar. E todos eles estavam a dispostos a tudo para não perderem nem um cêntimo do seu salário. Alice sorriu.
- Muito bem. Se acham que aguentam, quero os três aqui às 19h. Jantamos e decidimos o que fazer. Juntos. Agora vamos embora que este calor está-me a matar.
Alice tirou o chapéu de palha da cabeça e abanou-se com ele. Felizmente, estava à sombra do telheiro da esplanada. No entanto, o calor insuportável tinha-se infiltrado em todos os cantos da pequena cidade. Apesar de só ter o biquíni e uns calções vestidos, sentia o suor acumular-se nas peças de roupa. Quem lhe dera poder se enfiar na piscina pública, que estava fechada para manutenção, ou mesmo no mar, queimando os pés na areia e tendo o corpo fustigado pelo vento quente, e não sair até à noite, altura em que o calor parecia abater um pouco e uma leve brisa fresca carregada de maresia enchia as ruas. Alice suspirou. Quando saiu de casa essa manhã não esperara uma vaga de calor como aquela. O inferno tinha definitivamente subido à Terra. Nem os turistas se deixavam apanhar na rua com aquele calor então por que carga de água não tinha ela fechado ainda a sua esplanada? Olhou para trás de si. Os seus três empregados estavam quase desfalecidos nas cadeiras. Não admirava. O ar condicionado tinha decido avariar a semana passada e a reparação ainda não tinha sido concluída. Alice suspirou outra vez. Quem quer que fosse que trabalhava nas reparações devia de ser pago à hora e por isso demorava uma eternidade de propósito! Sentiu uma pontada de inveja ao pensar nisso. Nunca tivera problemas com o dinheiro na esplanada, conseguia sempre ter dinheiro de sobra para pagar as contas e os salários. Contudo se fosse paga à hora então valia a pena estar naquele sofrimento. Porém não era nem os seus funcionários. Então por que é que teimava em manter a esplanada aberta?
- Chefe. Temos mesmo que ficar abertos o resto do dia?
Alice olhou para Hugo. Ele estava ao seu lado completamente vermelho do calor. Numa mão segurava uma daquelas pequenas ventoinhas coloridas, a dele era verde, e na outra uma folha qualquer que ele tinha arranjado e dobrado em leque. Ela reparou na reação dos outros dois ao ouvirem a pergunta de Hugo. Eles estavam a sofrer mais que ela naquele calor uma vez que eram obrigados a ter uma t-shirt vestida. Alice suspirou e levantou-se, esticando as pernas. Realmente, por que tinha esperado tanto a se decidir a fechar a esplanada?
- Não quero ninguém a morrer na minha esplanada. Vamos lá fechar isto.
- E amanhã se também estiver assim? Como fazemos?
Alice olhou para a rapariga. Renata costumava trabalhar sempre atrás do balcão ou até mesmo na cozinha quando a afluência de clientes o permitia. Alice compreendia as preocupações da rapariga. Ela precisava de dinheiro para pagar o seu curso superior e o Verão era a melhor altura para conseguir esse dinheiro. Alice não lhes ia poder pagar o salário normal se tivesse que fechar por causa do calor e a rapariga, provavelmente, tinha medo de não ter dinheiro suficiente quando as aulas recomeçassem. Alice suspirou. Por vezes desejava não conhecer os seus funcionários tão bem quanto conhecia. Porém esse era o mal de viver numa cidade tão pequena. Uma pessoa não podia olhar de lado para outra que todos saberiam no dia a seguir. E ela conhecia os seus três funcionários desde que que eram miúdos. Tinha sido ama-seca de Renata, colega do irmão mais velho de Hugo e vizinha de André pelo que os conhecia a todos melhor do que seria considerado normal. Eram todos como uma família gigantesca. Irmãos, quase. Alice suspirou. Que podia fazer?
- Podia mudar o horário da esplanada nos próximos dias para ficar aberto até mais tarde como um bar mas…
Um olhar rápido pelo rosto dos três disse-lhe tudo o que precisava de saber. Todos eles estavam ali por precisarem. Todos eles tinham contas para pagar. E todos eles estavam a dispostos a tudo para não perderem nem um cêntimo do seu salário. Alice sorriu.
- Muito bem. Se acham que aguentam, quero os três aqui às 19h. Jantamos e decidimos o que fazer. Juntos. Agora vamos embora que este calor está-me a matar.
Outono
As folhas castanhas amontoavam-se no chão aos pés dela. A luz quente do sol alaranjado do fim do dia brilhava sem sinal de nuvem no céu. Se ao menos todos os dias pudessem ser assim. Passou a mão pelo cabelo que o vento fazia dançar e com a outra apanhou-o num rabo-de-cavalo desajeitado. Olhou para dentro da esplanada, convertida a salão de estudos pelos seus funcionários mais jovens. A pequena cidade estava praticamente vazia uma vez que os turistas tinham regressado às suas casas e, portanto, Alice não se importava que a rapariga passasse ali as tardes a tirar as suas dúvidas.
Renata estudava com a ajuda de Hugo que, num ato de talvez rebeldia, não seguira o exemplo do irmão mais velho de ir para a Universidade e deixara-se ficar na pequena cidade a trabalhar para Alice. Os pais de ambos tinham seguido o filho mais velho assim que ficaram assegurados que Alice não deixaria Hugo passar mal. Ambas as famílias conheciam-se tão bem que a confiança que os velhos senhores depositavam nas palavras escritas nas raras cartas que lhe enviavam ainda a arrepiava ao fim de seis anos. Olhando para Hugo, Alice relembrou-se da última carta, vinda apenas uns dias antes. Com Miguel, seu ex-colega de escola, a começar a assentar com a sua namorada, os pais de ambos insistiam em que Alice ajudasse Hugo a fazer o mesmo. A dona da esplanada suspirou. Como é que haveria de o ajudar quando ele não parecia demonstrar qualquer interesse nas raparigas que vivam naquela pequeníssima cidade onde todos se conheciam?
Já com Renata, Alice não tinha tantas preocupações. Os pais da rapariga tinham finalmente conseguido seguir os seus sonhos e erguido uma cadeia de restaurantes que se começava agora a espalhar pelo resto do país, já com cinco locais diferentes abertos. Tudo o que lhe pediam era que mantivessem um olho na saúde da filha nas alturas em que tinham de viajar para ver os outros restaurantes. Por problemas de saúde, Renata tinha ficado retida no quinto ano. Nessa altura, Alice tinha acabado de abrir a sua esplanada pelo que, assim que saíra do hospital, Renata passara os seus dias com a sua antiga ama-seca e Hugo naquelas cadeiras de vime almofadadas. Esse fora um dos grandes motivos pelo que não conseguira resistir ao pedido da jovem quando esta lhe pediu para a deixar trabalhar durante o Verão. A rapariga não quisera ir com os pais que tinham ido abrir o quinto restaurante mas também não quisera ficar a olhar para as paredes enquanto Alice trabalhava o dia inteiro. Portanto, com o consentimento dos pais, após bastante persuasão da dona da esplanada, Renata tornara a esplanada uma segunda casa, um espaço onde se sentia confortável e onde podia estar sempre que quisesse.
Sorrindo, Alice olhou de relance para o relógio na parede, pendurado acima do balcão de pedra negra. O seu terceiro funcionário, André, estaria a sair da escola em breve e a passar ali para comer algo em breve. Voltou a olhar para a rua e, pensando em como iria “torturar” o recém-casado professor, continuou a varrer as folhas da frente da esplanada.
As folhas castanhas amontoavam-se no chão aos pés dela. A luz quente do sol alaranjado do fim do dia brilhava sem sinal de nuvem no céu. Se ao menos todos os dias pudessem ser assim. Passou a mão pelo cabelo que o vento fazia dançar e com a outra apanhou-o num rabo-de-cavalo desajeitado. Olhou para dentro da esplanada, convertida a salão de estudos pelos seus funcionários mais jovens. A pequena cidade estava praticamente vazia uma vez que os turistas tinham regressado às suas casas e, portanto, Alice não se importava que a rapariga passasse ali as tardes a tirar as suas dúvidas.
Renata estudava com a ajuda de Hugo que, num ato de talvez rebeldia, não seguira o exemplo do irmão mais velho de ir para a Universidade e deixara-se ficar na pequena cidade a trabalhar para Alice. Os pais de ambos tinham seguido o filho mais velho assim que ficaram assegurados que Alice não deixaria Hugo passar mal. Ambas as famílias conheciam-se tão bem que a confiança que os velhos senhores depositavam nas palavras escritas nas raras cartas que lhe enviavam ainda a arrepiava ao fim de seis anos. Olhando para Hugo, Alice relembrou-se da última carta, vinda apenas uns dias antes. Com Miguel, seu ex-colega de escola, a começar a assentar com a sua namorada, os pais de ambos insistiam em que Alice ajudasse Hugo a fazer o mesmo. A dona da esplanada suspirou. Como é que haveria de o ajudar quando ele não parecia demonstrar qualquer interesse nas raparigas que vivam naquela pequeníssima cidade onde todos se conheciam?
Já com Renata, Alice não tinha tantas preocupações. Os pais da rapariga tinham finalmente conseguido seguir os seus sonhos e erguido uma cadeia de restaurantes que se começava agora a espalhar pelo resto do país, já com cinco locais diferentes abertos. Tudo o que lhe pediam era que mantivessem um olho na saúde da filha nas alturas em que tinham de viajar para ver os outros restaurantes. Por problemas de saúde, Renata tinha ficado retida no quinto ano. Nessa altura, Alice tinha acabado de abrir a sua esplanada pelo que, assim que saíra do hospital, Renata passara os seus dias com a sua antiga ama-seca e Hugo naquelas cadeiras de vime almofadadas. Esse fora um dos grandes motivos pelo que não conseguira resistir ao pedido da jovem quando esta lhe pediu para a deixar trabalhar durante o Verão. A rapariga não quisera ir com os pais que tinham ido abrir o quinto restaurante mas também não quisera ficar a olhar para as paredes enquanto Alice trabalhava o dia inteiro. Portanto, com o consentimento dos pais, após bastante persuasão da dona da esplanada, Renata tornara a esplanada uma segunda casa, um espaço onde se sentia confortável e onde podia estar sempre que quisesse.
Sorrindo, Alice olhou de relance para o relógio na parede, pendurado acima do balcão de pedra negra. O seu terceiro funcionário, André, estaria a sair da escola em breve e a passar ali para comer algo em breve. Voltou a olhar para a rua e, pensando em como iria “torturar” o recém-casado professor, continuou a varrer as folhas da frente da esplanada.
Inverno
A neve branca estendia-se até onde o seu olhar conseguia ver. As árvores erguiam-se altas, resistentes ao frio daquelas montanhas. Não eram suficientemente altas para estarem cobertas de neve mas estavam tão a Norte que que o Inverno durava o ano todo. Nos dias como aquele, em que o céu se encontrava límpido e azul, animais e pessoas saiam dos seus esconderijos.
O grupo de humanos caminhava silenciosamente pela neve. Não queriam assustar as presas. A pequena aldeia dependia do quão bem fizessem hoje. Se conseguissem caçar o suficiente, conseguiriam aguentar até ao próximo e irregular dia límpido. Quase contrário, um período de sofrimento e fome era o que os esperava. Porém esse não era o seu maior problema. Os caçadores não precisavam de ser tão cautelosos para caçar as suas presas. O motivo por que estavam todos com os nervos em franja ainda não lhes tinha saído da mente.
Tinha sido uns dias antes, quando as primeiras neves começaram a cair na capital. O irmão mais novo do Imperador tinha vindo visitar a aldeia para caçar uma Besta Branca. Contudo, no próprio dia, ignorando os avisos dos aldeões, o jovem tinha morrido entre os maxilares de uma. Os caçadores, além de precisarem de comida, tinham que apanhar a Besta que tinha morto o irmão do Imperador. E, hoje, era o último dia que tinham para caçar. Se não conseguissem, passariam o prazo e a aldeia seria destruída.
Porém não era só pelo irmão do Imperador. Aquela Besta Branca tinha ganho gosto pelo sangue humano e duas outras pessoas já tinham morrido pelas suas garras. Tinham-na conseguido ferir mas, quando a neve voltou a cair, perderam-lhe o rasto. Histórias sobre as Bestas Brancas faziam os caçadores tremer de medo com o que os esperava. Caçadores exímios, as Bestas Brancas eram inteligentes o suficiente para planearem ataques surpresa, fortes o suficiente para derrubarem árvores adultas e cruéis o suficiente para matarem pelo prazer de matar.
Enquanto avançavam cautelosamente pelas árvores altas cobertas de neve, o grupo de caçadores nem se apercebeu que estava a ser seguido por duas Bestas Brancas, atraídas pelo cheiro das suas crias.
A neve branca estendia-se até onde o seu olhar conseguia ver. As árvores erguiam-se altas, resistentes ao frio daquelas montanhas. Não eram suficientemente altas para estarem cobertas de neve mas estavam tão a Norte que que o Inverno durava o ano todo. Nos dias como aquele, em que o céu se encontrava límpido e azul, animais e pessoas saiam dos seus esconderijos.
O grupo de humanos caminhava silenciosamente pela neve. Não queriam assustar as presas. A pequena aldeia dependia do quão bem fizessem hoje. Se conseguissem caçar o suficiente, conseguiriam aguentar até ao próximo e irregular dia límpido. Quase contrário, um período de sofrimento e fome era o que os esperava. Porém esse não era o seu maior problema. Os caçadores não precisavam de ser tão cautelosos para caçar as suas presas. O motivo por que estavam todos com os nervos em franja ainda não lhes tinha saído da mente.
Tinha sido uns dias antes, quando as primeiras neves começaram a cair na capital. O irmão mais novo do Imperador tinha vindo visitar a aldeia para caçar uma Besta Branca. Contudo, no próprio dia, ignorando os avisos dos aldeões, o jovem tinha morrido entre os maxilares de uma. Os caçadores, além de precisarem de comida, tinham que apanhar a Besta que tinha morto o irmão do Imperador. E, hoje, era o último dia que tinham para caçar. Se não conseguissem, passariam o prazo e a aldeia seria destruída.
Porém não era só pelo irmão do Imperador. Aquela Besta Branca tinha ganho gosto pelo sangue humano e duas outras pessoas já tinham morrido pelas suas garras. Tinham-na conseguido ferir mas, quando a neve voltou a cair, perderam-lhe o rasto. Histórias sobre as Bestas Brancas faziam os caçadores tremer de medo com o que os esperava. Caçadores exímios, as Bestas Brancas eram inteligentes o suficiente para planearem ataques surpresa, fortes o suficiente para derrubarem árvores adultas e cruéis o suficiente para matarem pelo prazer de matar.
Enquanto avançavam cautelosamente pelas árvores altas cobertas de neve, o grupo de caçadores nem se apercebeu que estava a ser seguido por duas Bestas Brancas, atraídas pelo cheiro das suas crias.
Primavera
As árvores floridas dominavam o pátio da mansão. Pela janela, a beleza era muita, embora mínima àquelas horas da noite. Dione voltou a sua atenção de volta à sua tarefa. Dione odiava aquela situação mas não tinha outra opção. Desde que o seu segredo tinha sido descoberto por Alicia que deixara de ter opção. A sua mente estava tão atarefada que nem reparou que alguém tinha entrado na biblioteca. Àquela hora, os habitantes da mansão estavam todos na escola e a criada metediça tinha saído para ajudar o velho mordomo. Ou, pelo menos, era assim que deveria de ser. Dione gelou no lugar ao sentir a respiração quente de alguém no seu pescoço.
- Alicia chegará em breve e ainda não tomaste uma decisão. De certeza que queres continuar a jogar assim, tão perigosamente perto do precipício?
Dione reconheceu a voz fria de Leon Jervis. Virou-se para o encarar, forçando um sorriso. O Cientista da mansão estava tão perto de si que temeu ser descoberto. De novo. Ainda assim, fingiu a calma que não sentia. Que mais poderia fazer quando era confrontado tão diretamente? Não podia deixar transparecer as suas inseguranças ou seriam a sua queda. Tinha de sobreviver a todo o custo. Um pequeno sorriso trocista formou-se no rosto frio.
- Eu sei tudo. Foi relativamente fácil descobrir. Através do Hospital…
O rosto de Dione ficou pálido. Como poderia manter a calma depois do que tinha ouvido? O que tinha ele descoberto? O que sabia ele?
- Albert… Ou deverei dizer, Elsa?
O alívio percorreu Albert Dione. Risadas soltaram-se. O quanto o Cientista se tinha enganado. Como se tinha esquecido ele do que tinha feito? Fora alguns pacientes que se encontravam no corredor naquela manhã, não havia nada, nem mesmo câmaras de vigilância, que o pudesse ter posto lá ao mesmo tempo que Elsa. Toda a tensão tinha desaparecido do corpo de Dione que saiu da biblioteca, deixando a sua tarefa a meio. Não tinha por que temer. A menos que Alicia contasse e arriscasse a vida da sobrinha, não tinha por que temer.
Fim
As árvores floridas dominavam o pátio da mansão. Pela janela, a beleza era muita, embora mínima àquelas horas da noite. Dione voltou a sua atenção de volta à sua tarefa. Dione odiava aquela situação mas não tinha outra opção. Desde que o seu segredo tinha sido descoberto por Alicia que deixara de ter opção. A sua mente estava tão atarefada que nem reparou que alguém tinha entrado na biblioteca. Àquela hora, os habitantes da mansão estavam todos na escola e a criada metediça tinha saído para ajudar o velho mordomo. Ou, pelo menos, era assim que deveria de ser. Dione gelou no lugar ao sentir a respiração quente de alguém no seu pescoço.
- Alicia chegará em breve e ainda não tomaste uma decisão. De certeza que queres continuar a jogar assim, tão perigosamente perto do precipício?
Dione reconheceu a voz fria de Leon Jervis. Virou-se para o encarar, forçando um sorriso. O Cientista da mansão estava tão perto de si que temeu ser descoberto. De novo. Ainda assim, fingiu a calma que não sentia. Que mais poderia fazer quando era confrontado tão diretamente? Não podia deixar transparecer as suas inseguranças ou seriam a sua queda. Tinha de sobreviver a todo o custo. Um pequeno sorriso trocista formou-se no rosto frio.
- Eu sei tudo. Foi relativamente fácil descobrir. Através do Hospital…
O rosto de Dione ficou pálido. Como poderia manter a calma depois do que tinha ouvido? O que tinha ele descoberto? O que sabia ele?
- Albert… Ou deverei dizer, Elsa?
O alívio percorreu Albert Dione. Risadas soltaram-se. O quanto o Cientista se tinha enganado. Como se tinha esquecido ele do que tinha feito? Fora alguns pacientes que se encontravam no corredor naquela manhã, não havia nada, nem mesmo câmaras de vigilância, que o pudesse ter posto lá ao mesmo tempo que Elsa. Toda a tensão tinha desaparecido do corpo de Dione que saiu da biblioteca, deixando a sua tarefa a meio. Não tinha por que temer. A menos que Alicia contasse e arriscasse a vida da sobrinha, não tinha por que temer.
Fim