Sinopse
Lindsay foi introduzida no mundo dos monstros, dos verdadeiros monstros, quando era apenas uma criança. Agora, em adulta, segue as pegadas da sua mãe e luta com o trauma de criança enquanto faz o seu trabalho como A Guardiã de Monstros.
Lindsay foi introduzida no mundo dos monstros, dos verdadeiros monstros, quando era apenas uma criança. Agora, em adulta, segue as pegadas da sua mãe e luta com o trauma de criança enquanto faz o seu trabalho como A Guardiã de Monstros.
Comentário da Autora
Esta One Shot foi criada para um Desafio, em Outubro de 2016, na Página FicWriter Facts. Tem um "final" muito aberto, sem conclusão real da história, que possivelmente poderá ver continuação, alterando o status de One Shot para Mini Fic ou mesmo para o de uma história como A Chave Verde. De momento, não tenho qualquer intenção de a continuar ou de desenvolver o mundo apresentado.
Esta One Shot foi criada para um Desafio, em Outubro de 2016, na Página FicWriter Facts. Tem um "final" muito aberto, sem conclusão real da história, que possivelmente poderá ver continuação, alterando o status de One Shot para Mini Fic ou mesmo para o de uma história como A Chave Verde. De momento, não tenho qualquer intenção de a continuar ou de desenvolver o mundo apresentado.
História
Lindsay olhou para o homem à sua frente. Pressentia a sua malícia mas não podia puni-lo. Tinha prometido à mãe. Deixou-o arrastá-la no seu fato de fada pela floresta. Não era a primeira vez que ele fazia algo assim. A mãe de Lindsay procurava-o por ter raptado antes outras crianças. Perguntou-se se a mãe a perdoaria se… não. Tinha prometido. Não podia fazê-lo. O homem tinha um sorriso aliviado. Tinha conseguido o que queria sem ser apanhado. Ao ver o olhar acusatório da criança apressou-se a explicar.
- A culpa é da tua mãe. Tudo o que te acontecer, a culpa é dela!
Lindsay sabia o porquê. A mãe tinha-o impedido de raptar um menino uns dias antes, embora não o tivesse conseguido prender. Mas não importava. A mãe encontrá-la-ia. Não tinha dúvidas. O homem parou ao pé de um buraco escavado recentemente. Uma cova. E não era a única ali, reparou Lindsay ao ver os vários montes de terra remexida espelhados naquela zona. Ele empurrou-a para dentro do buraco. Lindsay olhou para ele.
- Eu não te queria de qualquer das maneiras. Por isso vou-te deixar aqui para a tua mãe aprender a não se meter onde não é chamada.
Ele agarrou na pá e bateu na cabeça de Lindsay, que perdeu a consciência. Começou a atirar terra para cima da rapariga inconsciente. Esse era o destino que a fedelha merecia. A fedelha e a meretriz da sua mãe. Ela iria aprender, desta vez, quando descobrisse o quão inútil realmente era. O destino perfeito para a guardiã de monstros.
Lindsay acordou abruptamente. Já há bastante tempo que não tinha aquele sonho. Porque tinha regressado? Passou a mão pela cara, sentindo as gotículas de suor. Olhou para o despertador. Suspirou ao ver que faltavam apenas três minutos até este tocar. Levantou-se e arrumou-se para o novo dia. Silver, um pequeno gato de pêlo negro e olhos amarelos, sentou-se no banco ao seu lado, observando-a. Lindsay olhou para o animal de lado. Interrogou-se mais uma vez o porquê do nome ser Silver. Se tivesse sido ela a dar-lhe o nome, ter-lhe-ia chamado algo como Blackie ou assim. Mas o gato não era seu. Afastando esses pensamentos da cabeça, continuou a roer a sua torrada. Não podia perder tempo mas também não tinha vontade nenhuma de fazer o seu trabalho. Sentia o seu corpo pesado como se estivesse ainda debaixo da terra naquele buraco…
Silver miou, despertando-a dos seus pensamentos. Ela olhou para o gato. Estalou a língua.
- Não podes esperar que eu acabe de comer? Também tenho fome.
Silver voltou a miar, ronronando. Lindsay suspirou, pousando a torrada no prato. Se não o alimentasse agora, o gato não a deixaria em paz. E, provavelmente, vingar-se-ia destruindo-lhe outra peça de mobília. Outra vez. Assim que acabou, agarrou na torrada e saiu de casa. Viu a caixa de correio, rezando para que o dono de Silver se tivesse decidido a regressar a casa. Mas não teve tanta sorte. Entrou no seu todo-o-terreno e arrancou. Verificou o telemóvel, garantindo que tinha a localização certa em mente. Pelo que o cliente tinha dito, tratava-se de uma cobra… gigante. Lindsay suspirou ao ler a mensagem cheia de erros. Este era o seu trabalho mas seria pedir muito que escrevessem corretamente?
Lindsay estacionou à beira da estrada. Aquele era o local mas não havia nada que indicasse a presença de algo anti-natura. Teria sido enganada? Agarrou na caçadeira e entrou na floresta. Não gostava nada de locais com vegetação cerrada e pouca visibilidade. Recordavam-lhe o seu sonho… aquele dia fatídico.
Lindsay abanou a cabeça, afastando aquelas memórias. Não precisava delas. Não precisava da distração que aquelas forneciam. Se havia realmente uma… cobra gigante ali, tinha que estar preparada. Ouviu passos à sua direita. Alguém corria. Decidiu seguir o som. Quem quer que fosse era rápido. E tinha imensa resistência. Algo que Lindsay não tinha. Ela parou para recuperar o fôlego. Quando levantou a cabeça, sentiu o seu sangue gelar. Estava rodeada por nevoeiro, numa área de floresta queimada. Não se via nem um rebento de verde. O chão estava negro e coberto de cinzas como se tivesse sido acabado de queimar. Relâmpagos fizeram-se ouvir. Assim como um rugido. O nevoeiro pareceu limpar-se quando uma criatura comprida caiu no chão, contorcendo-se. Lindsay abanou a cabeça e massajou os olhos. Tinha que se concentrar. Inspirou fundo e olhou em volta, de novo. A terra negra, os restos mortais queimados da vegetação que ali existia há vinte anos atrás, as covas das crianças. Aquele lugar era seu muito conhecido. Nunca tinha imaginado que voltaria a pôr ali os pés. Uma lágrima correu pelo seu rosto abaixo antes que conseguisse pará-la. Baixou a arma, caindo de joelhos no chão. Ela sabia que aquela era A Floresta. No entanto, tinha aceitado o trabalho… porque tinha ela realmente aceite ir ali?
Lindsay abriu os olhos. O nevoeiro tinha-se limpo. Não havia floresta à sua volta apenas um descampado com vista sobre a cidade. A lua brilhava, alta e cheia. Quando é que se tinha tornado noite? Melhor ainda, como é que tinha ido ali parar? Olhou em volta. O seu veículo estava atrás de si. Parecia que tinha conduzido até ali. Porque não se lembrava de nada? Entre outras perguntas foram preenchendo a sua mente. Levantou-se com o olhar fixo na cidade. O cheiro a tempestade preencheu o ar embora não houvesse uma única nuvem no céu.
Lindsay abanou a cabeça e foi para casa. Verificou o telemóvel. Se tivesse acabado o seu trabalho… não tinha trabalho? Pestanejou os olhos com força. Ia jurar que tinha recebido uma mensagem com um trabalho na floresta. O que raio tinha ela feito à mensagem? E porque raio não tinha rede ali? O que se estava a passar?
Estacionou o carro no local habitual. Entrou em casa. Estava tudo na mesma.
- Silver?
O gato não estava à vista. De estranhar, uma vez que vinha sempre ter com ela quando chegava. Foi pôr-lhe comida no prato mas interrompeu-se ao ver o prato cheio. Ele não tinha comido o dia inteiro? Impossível! Tinha-se enganado redondamente. Não estava nada tudo igual. O seu trabalho era como se nunca tivesse existido e o gato tinha desaparecido.
Largando as coisas em cima do balcão da cozinha, abriu o alçapão e desceu para a cave. Tinha de consultar os livros antigos que os seus pais e avós tinham colecionado. Não era muito usual recorrer a eles, pois a maior parte das vezes a informação estava desatualizada mas não tinha outra escolha. Não desta vez.
Fim
Lindsay olhou para o homem à sua frente. Pressentia a sua malícia mas não podia puni-lo. Tinha prometido à mãe. Deixou-o arrastá-la no seu fato de fada pela floresta. Não era a primeira vez que ele fazia algo assim. A mãe de Lindsay procurava-o por ter raptado antes outras crianças. Perguntou-se se a mãe a perdoaria se… não. Tinha prometido. Não podia fazê-lo. O homem tinha um sorriso aliviado. Tinha conseguido o que queria sem ser apanhado. Ao ver o olhar acusatório da criança apressou-se a explicar.
- A culpa é da tua mãe. Tudo o que te acontecer, a culpa é dela!
Lindsay sabia o porquê. A mãe tinha-o impedido de raptar um menino uns dias antes, embora não o tivesse conseguido prender. Mas não importava. A mãe encontrá-la-ia. Não tinha dúvidas. O homem parou ao pé de um buraco escavado recentemente. Uma cova. E não era a única ali, reparou Lindsay ao ver os vários montes de terra remexida espelhados naquela zona. Ele empurrou-a para dentro do buraco. Lindsay olhou para ele.
- Eu não te queria de qualquer das maneiras. Por isso vou-te deixar aqui para a tua mãe aprender a não se meter onde não é chamada.
Ele agarrou na pá e bateu na cabeça de Lindsay, que perdeu a consciência. Começou a atirar terra para cima da rapariga inconsciente. Esse era o destino que a fedelha merecia. A fedelha e a meretriz da sua mãe. Ela iria aprender, desta vez, quando descobrisse o quão inútil realmente era. O destino perfeito para a guardiã de monstros.
Lindsay acordou abruptamente. Já há bastante tempo que não tinha aquele sonho. Porque tinha regressado? Passou a mão pela cara, sentindo as gotículas de suor. Olhou para o despertador. Suspirou ao ver que faltavam apenas três minutos até este tocar. Levantou-se e arrumou-se para o novo dia. Silver, um pequeno gato de pêlo negro e olhos amarelos, sentou-se no banco ao seu lado, observando-a. Lindsay olhou para o animal de lado. Interrogou-se mais uma vez o porquê do nome ser Silver. Se tivesse sido ela a dar-lhe o nome, ter-lhe-ia chamado algo como Blackie ou assim. Mas o gato não era seu. Afastando esses pensamentos da cabeça, continuou a roer a sua torrada. Não podia perder tempo mas também não tinha vontade nenhuma de fazer o seu trabalho. Sentia o seu corpo pesado como se estivesse ainda debaixo da terra naquele buraco…
Silver miou, despertando-a dos seus pensamentos. Ela olhou para o gato. Estalou a língua.
- Não podes esperar que eu acabe de comer? Também tenho fome.
Silver voltou a miar, ronronando. Lindsay suspirou, pousando a torrada no prato. Se não o alimentasse agora, o gato não a deixaria em paz. E, provavelmente, vingar-se-ia destruindo-lhe outra peça de mobília. Outra vez. Assim que acabou, agarrou na torrada e saiu de casa. Viu a caixa de correio, rezando para que o dono de Silver se tivesse decidido a regressar a casa. Mas não teve tanta sorte. Entrou no seu todo-o-terreno e arrancou. Verificou o telemóvel, garantindo que tinha a localização certa em mente. Pelo que o cliente tinha dito, tratava-se de uma cobra… gigante. Lindsay suspirou ao ler a mensagem cheia de erros. Este era o seu trabalho mas seria pedir muito que escrevessem corretamente?
Lindsay estacionou à beira da estrada. Aquele era o local mas não havia nada que indicasse a presença de algo anti-natura. Teria sido enganada? Agarrou na caçadeira e entrou na floresta. Não gostava nada de locais com vegetação cerrada e pouca visibilidade. Recordavam-lhe o seu sonho… aquele dia fatídico.
Lindsay abanou a cabeça, afastando aquelas memórias. Não precisava delas. Não precisava da distração que aquelas forneciam. Se havia realmente uma… cobra gigante ali, tinha que estar preparada. Ouviu passos à sua direita. Alguém corria. Decidiu seguir o som. Quem quer que fosse era rápido. E tinha imensa resistência. Algo que Lindsay não tinha. Ela parou para recuperar o fôlego. Quando levantou a cabeça, sentiu o seu sangue gelar. Estava rodeada por nevoeiro, numa área de floresta queimada. Não se via nem um rebento de verde. O chão estava negro e coberto de cinzas como se tivesse sido acabado de queimar. Relâmpagos fizeram-se ouvir. Assim como um rugido. O nevoeiro pareceu limpar-se quando uma criatura comprida caiu no chão, contorcendo-se. Lindsay abanou a cabeça e massajou os olhos. Tinha que se concentrar. Inspirou fundo e olhou em volta, de novo. A terra negra, os restos mortais queimados da vegetação que ali existia há vinte anos atrás, as covas das crianças. Aquele lugar era seu muito conhecido. Nunca tinha imaginado que voltaria a pôr ali os pés. Uma lágrima correu pelo seu rosto abaixo antes que conseguisse pará-la. Baixou a arma, caindo de joelhos no chão. Ela sabia que aquela era A Floresta. No entanto, tinha aceitado o trabalho… porque tinha ela realmente aceite ir ali?
Lindsay abriu os olhos. O nevoeiro tinha-se limpo. Não havia floresta à sua volta apenas um descampado com vista sobre a cidade. A lua brilhava, alta e cheia. Quando é que se tinha tornado noite? Melhor ainda, como é que tinha ido ali parar? Olhou em volta. O seu veículo estava atrás de si. Parecia que tinha conduzido até ali. Porque não se lembrava de nada? Entre outras perguntas foram preenchendo a sua mente. Levantou-se com o olhar fixo na cidade. O cheiro a tempestade preencheu o ar embora não houvesse uma única nuvem no céu.
Lindsay abanou a cabeça e foi para casa. Verificou o telemóvel. Se tivesse acabado o seu trabalho… não tinha trabalho? Pestanejou os olhos com força. Ia jurar que tinha recebido uma mensagem com um trabalho na floresta. O que raio tinha ela feito à mensagem? E porque raio não tinha rede ali? O que se estava a passar?
Estacionou o carro no local habitual. Entrou em casa. Estava tudo na mesma.
- Silver?
O gato não estava à vista. De estranhar, uma vez que vinha sempre ter com ela quando chegava. Foi pôr-lhe comida no prato mas interrompeu-se ao ver o prato cheio. Ele não tinha comido o dia inteiro? Impossível! Tinha-se enganado redondamente. Não estava nada tudo igual. O seu trabalho era como se nunca tivesse existido e o gato tinha desaparecido.
Largando as coisas em cima do balcão da cozinha, abriu o alçapão e desceu para a cave. Tinha de consultar os livros antigos que os seus pais e avós tinham colecionado. Não era muito usual recorrer a eles, pois a maior parte das vezes a informação estava desatualizada mas não tinha outra escolha. Não desta vez.
Fim