Desafio
Dia 3
Caos. Desespero. Dor. Era tudo o que conhecia. Era tudo o que existia no limbo da deusa imortal… desde aquele dia fatídico. Aprendera a sua lição. Não confiar em nenhum mortal. Não deixar nenhum mortal entrar na montanha. Independentemente dessa lição, a culpa acabava por ser sempre sua. A sua irmã morta, a rapariga que procurara refúgio e trouxera os mercenários à sua montanha amaldiçoada e ela presa naquele ciclo vicioso pela mesma maldição. A sua irmã iria querer que desfizesse a maldição, que salvasse a rapariga mas apenas a morte as… a morte. Sim. A morte era a única solução. Uma faca cravada no seu coração e acabaria tudo.
Dia 5
Caminhei pela sala sem olhar para trás. Estava na hora de me ir embora. Não me ia arrepender da minha decisão. Desta vez, não. Independentemente do que acontecesse. Agarrei a velha mala castanha que apenas tinha dois cadernos, um estojo e um par de camisas e calças. Alguma roupa interior encafuada nos bolsos laterais e era tudo o que levava dali. Era tudo o que era meu. Mesmo meu. Ouvi passos pararem atrás de mim mas não podia olhar para trás. Sabia que assim que fizesse, não conseguiria forçar-me a continuar. Aquela era a minha viagem, minha e apenas minha.
Dia 11
Ela mordeu o lábio de baixo. A tensão mantinha-a ereta no lugar. Já não faltava muito. Só precisava de mais um momento. Mais um segundo. Era tudo o que rezava a Deus. Se conseguisse aguentar só mais um pouco, nunca mais teria de passar por aquilo. Pelo menos, não tão cedo. Sentiu o suor escorrer pela têmpora. Ouvi um passo a aproximar. Susteve a respiração e forçou-se a não se mexer um milímetro sequer. Passos afastaram-se, uma porta abriu e fechou, abafando o som que se distanciava cada vez mais. Ela deixou-se cair contra a parede, respirando fundo. Estava a salvo… mas sabia que não era por muito tempo…
Dia 12
Tenho um sonho...
Um sonho recorrente que me aterroriza todas as noites…
Começa alegre como uma andorinha que voa sob o sol da primavera.
Continua ritmado como uma onda de água fresca no verão quente.
Fecho os olhos para apreciar a beleza que lembra a queda das folhas no Outono.
E, do nada, como que inesperado, um grito agonizante faz-se ouvir.
O vento alegre, doce e calmante transforma-se e o sussurro da morte faz-me cócegas ao ouvido. Abro os olhos e vejo todos os que conheço caídos, mortos. Não há nada aqui. Não há vida a não ser a minha. Ou será… que nem isso existe?
Dia 13
Ela olha pela janela. Aconchega-se melhor nas cobertas, procurando por um rosto familiar. A temperatura fria vem do exterior através dos pequenos buracos nas paredes velhas. Aquele lugar precisava de obras. E o mais depressa possível. Não aguentaria a estação inteira. Principalmente, assim que começasse a chover e a nevar. Ele tinha-lhe dito para esperar ali mas estava a ficar com fome. Há dias que não aparecia e já não havia comida naquele pedaço de madeira podre. Tinha que sair. Tinha que ir buscar comida. Não podia continuar ali. Mesmo que isso significasse ser apanhada. Agarrou no casaco bolorento e na pequena mala. Não podia esperar mais.
Caos. Desespero. Dor. Era tudo o que conhecia. Era tudo o que existia no limbo da deusa imortal… desde aquele dia fatídico. Aprendera a sua lição. Não confiar em nenhum mortal. Não deixar nenhum mortal entrar na montanha. Independentemente dessa lição, a culpa acabava por ser sempre sua. A sua irmã morta, a rapariga que procurara refúgio e trouxera os mercenários à sua montanha amaldiçoada e ela presa naquele ciclo vicioso pela mesma maldição. A sua irmã iria querer que desfizesse a maldição, que salvasse a rapariga mas apenas a morte as… a morte. Sim. A morte era a única solução. Uma faca cravada no seu coração e acabaria tudo.
Dia 5
Caminhei pela sala sem olhar para trás. Estava na hora de me ir embora. Não me ia arrepender da minha decisão. Desta vez, não. Independentemente do que acontecesse. Agarrei a velha mala castanha que apenas tinha dois cadernos, um estojo e um par de camisas e calças. Alguma roupa interior encafuada nos bolsos laterais e era tudo o que levava dali. Era tudo o que era meu. Mesmo meu. Ouvi passos pararem atrás de mim mas não podia olhar para trás. Sabia que assim que fizesse, não conseguiria forçar-me a continuar. Aquela era a minha viagem, minha e apenas minha.
Dia 11
Ela mordeu o lábio de baixo. A tensão mantinha-a ereta no lugar. Já não faltava muito. Só precisava de mais um momento. Mais um segundo. Era tudo o que rezava a Deus. Se conseguisse aguentar só mais um pouco, nunca mais teria de passar por aquilo. Pelo menos, não tão cedo. Sentiu o suor escorrer pela têmpora. Ouvi um passo a aproximar. Susteve a respiração e forçou-se a não se mexer um milímetro sequer. Passos afastaram-se, uma porta abriu e fechou, abafando o som que se distanciava cada vez mais. Ela deixou-se cair contra a parede, respirando fundo. Estava a salvo… mas sabia que não era por muito tempo…
Dia 12
Tenho um sonho...
Um sonho recorrente que me aterroriza todas as noites…
Começa alegre como uma andorinha que voa sob o sol da primavera.
Continua ritmado como uma onda de água fresca no verão quente.
Fecho os olhos para apreciar a beleza que lembra a queda das folhas no Outono.
E, do nada, como que inesperado, um grito agonizante faz-se ouvir.
O vento alegre, doce e calmante transforma-se e o sussurro da morte faz-me cócegas ao ouvido. Abro os olhos e vejo todos os que conheço caídos, mortos. Não há nada aqui. Não há vida a não ser a minha. Ou será… que nem isso existe?
Dia 13
Ela olha pela janela. Aconchega-se melhor nas cobertas, procurando por um rosto familiar. A temperatura fria vem do exterior através dos pequenos buracos nas paredes velhas. Aquele lugar precisava de obras. E o mais depressa possível. Não aguentaria a estação inteira. Principalmente, assim que começasse a chover e a nevar. Ele tinha-lhe dito para esperar ali mas estava a ficar com fome. Há dias que não aparecia e já não havia comida naquele pedaço de madeira podre. Tinha que sair. Tinha que ir buscar comida. Não podia continuar ali. Mesmo que isso significasse ser apanhada. Agarrou no casaco bolorento e na pequena mala. Não podia esperar mais.