Desafio
Dia 1 – Objecto: Coroa (baseado em A Chave Verde)
«João olhou para a almofada e o objecto que repousava nela delicadamente. Afundada no veludo vermelho, o dourado cintilante, como se tivesse sido acabada de polir, estava coberto de pequenos rubis, esmeraldas, safiras e muitas outras pedras preciosas das mais variadas cores. Contudo, a mais imponente era o maior diamante que João tinha visto em toda a sua vida encrustado solitário na frente imponente. Pela primeira vez em toda a sua vida temeu o seu futuro. Ele tinha sido criado como um nobre mas nunca se interessara por política. E agora iria tornar-se rei e o dono daquela majestosa e assustadora coroa.»
Dia 2 – Personagem (baseado em Anéis de Prata)
«Elsa olhou para a tesoura em sua mão. Agora que tinha de passar o seu plano à ação custava-lhe até respirar. Levantou os olhos e fixou-os no azul no espelho. Não tinha qualquer opção. Cortar o seu cabelo era a única forma de se vingar dos seus pais sem cometer crime. Podia tentar atacar alguém mas nunca tinha sido dada ao exercício físico nem nunca aprendera a lutar. Aliás nunca lutara, nunca se defendera. E agora que queria lutar contra os seus pais, fazia-o cortando o cabelo. Ridículo… não pode deixar de sorrir, as lágrimas enchendo-lhe os olhos. Levantou a mão com a tesoura e deu o primeiro golpe. Madeixas douradas caíram no chão aos seus pés. O alívio que sentiu ao ver os primeiros cabelos no chão foi inspirador. Nunca antes se sentira tão livre. As lágrimas caíram-lhe pelo rosto abaixo. “Que criança que tu ainda és.” Pensou Elsa ao fitar o seu maquilhado reflexo. O sorriso pateta abriu-se ainda mais ao erguer a tesoura de novo e dar outro golpe no cabelo. E outro. E outro.»
Dia 3 – Cenário (baseado em Rosa Negra)
«Samantha olhou em volta. A aquele lugar não tinha mudado nada desde que o seu pai tinha morrido. As cadeiras em pele negra com pernas metálicas pareciam não ter envelhecido um único dia. Na altura, a grande mesa de madeira clara não tinha visto grande uso. Contudo, na cabeceira conseguia ver as marcas de café no tampo. O seu pai sempre bebera muito café, como se fosse água. Samantha passou os dedos pelas marcas. Vozes aproximaram-se da porta. Sam levantou os olhos da mesa e viu a sua família entrar. Desde que o seu pai morrera que a família não se reunia assim. Sentou-se na cadeira, pousando as suas pastas e a sua chávena de chá quente. O seu pai já não estava ali e ela tinha assumido o seu lugar dentro daquelas quatro paredes. Todos sabiam disso, verificou ao vê-los sentarem-se e calarem-se. Quando o silêncio se instalou e todos os olhares se prenderam nela, Samantha não pode impedir-se a sorrir de esguelha. Levantou-se e começou a sua apresentação.»
Dia 4 – Objecto: Machado (baseado em Décima Primeira Seta)
«Skeox olhou em volta. Os corpos de soldados envergando as cores inimigas começavam a amontoar-se aos seus pés. Pânico e confusão engoliam-no à medida que a batalha continuava. Um grito de guerra clamou pela sua atenção. Um inimigo aproximava-se de espada em riste e escudo levantado. Skeox desviou-se da lâmina torta e com o seu machado acertou no pescoço do inimigo, entre a cota de malha e o elmo, caindo de joelhos no chão com o morto. Arrancou o machado da carne, sangue esguichando por todo o lado. O seu olhar prendeu-se na lâmina afiada. Lembrava-se do dia em que tinha recebido a prata reluzente e o cabo de madeira polida. Em toda a sua extensão, o machado tinha marcas curvilíneas e arabescos delicados. Aquele machado tinha sido criado para decoração. Skeox sorriu ao pensar nessa absurdidade. Se o artesão não tencionava ver o seu trabalho utilizado daquela forma, teria criado algo frágil ou com outra forma além de arma de combate. A lâmina coberta de sangue seco parecia concordar com Skeox. Nunca naqueles anos todos a amolara, no entanto, o machado continuava tão perigosamente afiado como quando lhe tinha sido dado.»
Dia 5 – Cenário (baseado em A Guardiã de Monstros)
«Lindsay olhou para cima. As janelas que procurava viam-se logo acima da macieira carregada de fruta. Lindsay lembrava-se perfeitamente do último dia em que lá tinha estado, a olhar por aquela mesma janela. O edifício não tinha resistido tão bem aos anos quanto ela. E, segundo o que soubera, por pouco que não resistira aos acidentes. A parede branca amarelada e descascada pelo tempo dava-lhe um ar mais rústico e antigo que a idade que tinha. Talvez se a sua família não tivesse abandonado por completo a casa, Lindsay ainda teria ali a sua infância tal e qual a recordava. Suspirando, a rapariga baixou o olhar para a porta lateral. Não precisou de muita força para a abrir. O interior estava tão decrépito quanto o exterior. Se não mesmo pior. O pó e o lixo que entrara pelos buracos nas paredes, portas e janelas partidas não a surpreendia minimamente. Não que tivesse tempo para se preocupar com algo assim. Subiu ao segundo andar e entrou no seu antigo quarto. Lindsay aproximou-se da janela, vendo os ramos mais altos da macieira tocarem o fundo da janela. Aquela árvore não tinha estado ali antes. Não pode deixar de se perguntar quem a teria plantado ali e com que propósito. Olhou para o horizonte. A sombra de um carro solitário cortando a estrada a alta velocidade apanhou o seu olhar. Lindsay baixou-se de imediato. Eles tinham-na encontrado. Procurou o compartimento secreto, encastrado logo abaixo da janela e abriu-o. Tirou o que necessitava do interior e correu para a porta. O som de travões a chiar fê-la estacar. Gritos numa língua que não conhecia fizeram-se ouvir. Estrondos de algo pesado a cair e bater no chão chegou ao segundo andar. Lindsay deu meia volta, fechando a porta atrás de si. Aproximou-se da janela, espreitando o exterior. O único capanga que conseguia ver estava de costas ao telemóvel. Tapava o outro ouvido com um dedo, o que não era de estranhar uma vez que Lindsay conseguia ouvir o carro como se estivesse mesmo ao seu lado. Era a sua única hipótese. Felizmente para si, a janela abriu com o mínimo ruído. Saltou aterrando nos ramos superiores da árvore. Quem quer que tivesse plantado a única árvore por quilómetros mesmo debaixo da sua janela era um Génio Diabólico ou um Santo.»
Dia 6 – Objecto: Máquina de Escrever (baseado em As Caudas da Raposa)
«Kat espreitou para dentro do escritório. A vela acesa alumiava pouco. Contudo Kat tinha a certeza que a divisão estava vazia. Entrou e fechou devagarinho a porta atrás de si. Nunca fora grande fã da cultura trazida do outro lado do mar. E este era uns dos motivos. As paredes estavam cobertas de pinturas sem qualquer sentido. Coisas sem forma ou feitio. Uma mescla de cores como se uma criança tivesse deixado cair a tinta na tela. As cadeiras adornadas excessivamente cheiravam a pele curtida, o que Kat detestava. Compreendia o fascínio pelas carnes mas usar a pele de outro animal era algo de que não era capaz. Passou a mão por uma das cadeiras lamentando silenciosamente o destino daquele animal. Por cima da secretária, vários objectos, muitos que Kat não reconheceu, tinham sido abandonados de forma descuidada. Contudo só um chamou a sua atenção. Era preto e cheirava a metal e tinta. Já tinha sentido aquele cheiro anteriormente. Numa folha de papel com uma caligrafia estranha que nunca tinha visto antes. Kat baixou-se até os olhos estarem ao nível daquele objecto. O que seria? Tinha peças redondas com umas extensões finas que eram engolidas pelo interior escuro. No topo, um rolo e várias peças metálicas finas com marcas esquisitas nas pontas eram visíveis. Uma folha com aquela caligrafia estranha estava presa no objecto, a palavra interrompida. Então aquilo deveria ser o que produzia a estranha caligrafia.»
Dia 7 – Cenário (baseado em Décima Primeira Seta)
«Oblet parou o cavalo no topo do monte. A vista dali era incrível. Em todo o continente, aquele lugar deveria ser o mais belo. As montanhas erguiam-se altas entre as águas transbordantes dos rios. Pequenas colunas de fumo aqui e ali viam-se por entre o verde nas encostas. Monrehas, um santuário autêntico onde apenas os feiticeiros viviam, cujas terras negras, águas azuis e montanhas verdes todos os outros cobiçavam. Não fossem os poderosos e temidos Mundira, Monrehas certamente pertenceria a Héia ou a Soed, dando-lhes a vantagem que precisavam na guerra que se aproximava. Oblet fechou os olhos e inspirou o ar fresco. Certamente, este lugar era especial e valia a pena ser-se exilado por ele. Oblet Zaer iria proteger aquelas terras e os seus habitantes, nem que tivesse de recorrer a milagres. Virou o cavalo e desceu pelo caminho em direção à Montanha Enevoada, mesmo no centro daquelas terras, onde se dizia que os Deuses viviam.»
Fim
«Skeox olhou em volta. Os corpos de soldados envergando as cores inimigas começavam a amontoar-se aos seus pés. Pânico e confusão engoliam-no à medida que a batalha continuava. Um grito de guerra clamou pela sua atenção. Um inimigo aproximava-se de espada em riste e escudo levantado. Skeox desviou-se da lâmina torta e com o seu machado acertou no pescoço do inimigo, entre a cota de malha e o elmo, caindo de joelhos no chão com o morto. Arrancou o machado da carne, sangue esguichando por todo o lado. O seu olhar prendeu-se na lâmina afiada. Lembrava-se do dia em que tinha recebido a prata reluzente e o cabo de madeira polida. Em toda a sua extensão, o machado tinha marcas curvilíneas e arabescos delicados. Aquele machado tinha sido criado para decoração. Skeox sorriu ao pensar nessa absurdidade. Se o artesão não tencionava ver o seu trabalho utilizado daquela forma, teria criado algo frágil ou com outra forma além de arma de combate. A lâmina coberta de sangue seco parecia concordar com Skeox. Nunca naqueles anos todos a amolara, no entanto, o machado continuava tão perigosamente afiado como quando lhe tinha sido dado.»
Dia 5 – Cenário (baseado em A Guardiã de Monstros)
«Lindsay olhou para cima. As janelas que procurava viam-se logo acima da macieira carregada de fruta. Lindsay lembrava-se perfeitamente do último dia em que lá tinha estado, a olhar por aquela mesma janela. O edifício não tinha resistido tão bem aos anos quanto ela. E, segundo o que soubera, por pouco que não resistira aos acidentes. A parede branca amarelada e descascada pelo tempo dava-lhe um ar mais rústico e antigo que a idade que tinha. Talvez se a sua família não tivesse abandonado por completo a casa, Lindsay ainda teria ali a sua infância tal e qual a recordava. Suspirando, a rapariga baixou o olhar para a porta lateral. Não precisou de muita força para a abrir. O interior estava tão decrépito quanto o exterior. Se não mesmo pior. O pó e o lixo que entrara pelos buracos nas paredes, portas e janelas partidas não a surpreendia minimamente. Não que tivesse tempo para se preocupar com algo assim. Subiu ao segundo andar e entrou no seu antigo quarto. Lindsay aproximou-se da janela, vendo os ramos mais altos da macieira tocarem o fundo da janela. Aquela árvore não tinha estado ali antes. Não pode deixar de se perguntar quem a teria plantado ali e com que propósito. Olhou para o horizonte. A sombra de um carro solitário cortando a estrada a alta velocidade apanhou o seu olhar. Lindsay baixou-se de imediato. Eles tinham-na encontrado. Procurou o compartimento secreto, encastrado logo abaixo da janela e abriu-o. Tirou o que necessitava do interior e correu para a porta. O som de travões a chiar fê-la estacar. Gritos numa língua que não conhecia fizeram-se ouvir. Estrondos de algo pesado a cair e bater no chão chegou ao segundo andar. Lindsay deu meia volta, fechando a porta atrás de si. Aproximou-se da janela, espreitando o exterior. O único capanga que conseguia ver estava de costas ao telemóvel. Tapava o outro ouvido com um dedo, o que não era de estranhar uma vez que Lindsay conseguia ouvir o carro como se estivesse mesmo ao seu lado. Era a sua única hipótese. Felizmente para si, a janela abriu com o mínimo ruído. Saltou aterrando nos ramos superiores da árvore. Quem quer que tivesse plantado a única árvore por quilómetros mesmo debaixo da sua janela era um Génio Diabólico ou um Santo.»
Dia 6 – Objecto: Máquina de Escrever (baseado em As Caudas da Raposa)
«Kat espreitou para dentro do escritório. A vela acesa alumiava pouco. Contudo Kat tinha a certeza que a divisão estava vazia. Entrou e fechou devagarinho a porta atrás de si. Nunca fora grande fã da cultura trazida do outro lado do mar. E este era uns dos motivos. As paredes estavam cobertas de pinturas sem qualquer sentido. Coisas sem forma ou feitio. Uma mescla de cores como se uma criança tivesse deixado cair a tinta na tela. As cadeiras adornadas excessivamente cheiravam a pele curtida, o que Kat detestava. Compreendia o fascínio pelas carnes mas usar a pele de outro animal era algo de que não era capaz. Passou a mão por uma das cadeiras lamentando silenciosamente o destino daquele animal. Por cima da secretária, vários objectos, muitos que Kat não reconheceu, tinham sido abandonados de forma descuidada. Contudo só um chamou a sua atenção. Era preto e cheirava a metal e tinta. Já tinha sentido aquele cheiro anteriormente. Numa folha de papel com uma caligrafia estranha que nunca tinha visto antes. Kat baixou-se até os olhos estarem ao nível daquele objecto. O que seria? Tinha peças redondas com umas extensões finas que eram engolidas pelo interior escuro. No topo, um rolo e várias peças metálicas finas com marcas esquisitas nas pontas eram visíveis. Uma folha com aquela caligrafia estranha estava presa no objecto, a palavra interrompida. Então aquilo deveria ser o que produzia a estranha caligrafia.»
Dia 7 – Cenário (baseado em Décima Primeira Seta)
«Oblet parou o cavalo no topo do monte. A vista dali era incrível. Em todo o continente, aquele lugar deveria ser o mais belo. As montanhas erguiam-se altas entre as águas transbordantes dos rios. Pequenas colunas de fumo aqui e ali viam-se por entre o verde nas encostas. Monrehas, um santuário autêntico onde apenas os feiticeiros viviam, cujas terras negras, águas azuis e montanhas verdes todos os outros cobiçavam. Não fossem os poderosos e temidos Mundira, Monrehas certamente pertenceria a Héia ou a Soed, dando-lhes a vantagem que precisavam na guerra que se aproximava. Oblet fechou os olhos e inspirou o ar fresco. Certamente, este lugar era especial e valia a pena ser-se exilado por ele. Oblet Zaer iria proteger aquelas terras e os seus habitantes, nem que tivesse de recorrer a milagres. Virou o cavalo e desceu pelo caminho em direção à Montanha Enevoada, mesmo no centro daquelas terras, onde se dizia que os Deuses viviam.»
Fim