Sinopse
Em 2144, o planeta Terra encontra-se profundamente modificado. Devido ao desaparecimento de vastas áreas continentais, foram criadas ilhas substitutas onde só os ricos vivem: as Charouis. É neste mundo que Sam vive.
Samantha Mael, um ano após um acidente que lhe tira as memórias, vai viver com o irmão adoptivo Mathew na Charouis japonesa. O seu passado esquecido começa a atormentá-la: assassinatos, torturas e perseguições. Com a ajuda de Mathew, Sam procura ignorar estas horríveis memórias. Porém, a presença constante de Yuso, um elemento importante do seu passado, torna-se um problema. Conseguirá Sam viver sem saber quem realmente é? Ou irá ela voltar para a sua antiga vida de mortes e perseguições com Yuso?
Em 2144, o planeta Terra encontra-se profundamente modificado. Devido ao desaparecimento de vastas áreas continentais, foram criadas ilhas substitutas onde só os ricos vivem: as Charouis. É neste mundo que Sam vive.
Samantha Mael, um ano após um acidente que lhe tira as memórias, vai viver com o irmão adoptivo Mathew na Charouis japonesa. O seu passado esquecido começa a atormentá-la: assassinatos, torturas e perseguições. Com a ajuda de Mathew, Sam procura ignorar estas horríveis memórias. Porém, a presença constante de Yuso, um elemento importante do seu passado, torna-se um problema. Conseguirá Sam viver sem saber quem realmente é? Ou irá ela voltar para a sua antiga vida de mortes e perseguições com Yuso?
Comentário da Autora
Esta é a única do seu tipo. A minha primeira e última (até agora) tentativa de escrever uma história totalmente desprovida de Sobrenatural. Apesar disso, devo admitir, esta deve ter sido a história que mais gostei de escrever, logo a seguir a A Chave Verde, embora considere mais fácil dar asas à imaginação quando o tema tende para os "monstros amigáveis"...
Esta é uma história que iniciei após a conclusão da segunda Extenguius. Na altura, não tinha ideias nenhumas para histórias de sobrenatural mas queria criar um mundo novo, desconhecido. E então surgiu a ideia de criar as Charouis (lê-se Chá-ru-ás). Nessa altura, a minha colega e amiga Cátia começou a escrever uma história sua também. Ambas juntámos ideias sobre o mundo que queríamos criar e foi assim que nasceu o mundo de Rosa Negra. Eu escrevi a minha história e ela escreveu a dela com base no mesmo mundo mas, se a minha memória não me falha, em épocas/anos de acontecimentos diferentes. Devo já avisar que qualquer semelhança que esta história tenha com eventos e pessoas reais é pura coincidência pois eu não fiz pesquisa nenhuma (nem mesmo relativamente ao que devia de ter feito – irão perceber quando estiverem a ler a história – digamos apenas que essa será a parte sobrenatural desta história).
Esta é a única do seu tipo. A minha primeira e última (até agora) tentativa de escrever uma história totalmente desprovida de Sobrenatural. Apesar disso, devo admitir, esta deve ter sido a história que mais gostei de escrever, logo a seguir a A Chave Verde, embora considere mais fácil dar asas à imaginação quando o tema tende para os "monstros amigáveis"...
Esta é uma história que iniciei após a conclusão da segunda Extenguius. Na altura, não tinha ideias nenhumas para histórias de sobrenatural mas queria criar um mundo novo, desconhecido. E então surgiu a ideia de criar as Charouis (lê-se Chá-ru-ás). Nessa altura, a minha colega e amiga Cátia começou a escrever uma história sua também. Ambas juntámos ideias sobre o mundo que queríamos criar e foi assim que nasceu o mundo de Rosa Negra. Eu escrevi a minha história e ela escreveu a dela com base no mesmo mundo mas, se a minha memória não me falha, em épocas/anos de acontecimentos diferentes. Devo já avisar que qualquer semelhança que esta história tenha com eventos e pessoas reais é pura coincidência pois eu não fiz pesquisa nenhuma (nem mesmo relativamente ao que devia de ter feito – irão perceber quando estiverem a ler a história – digamos apenas que essa será a parte sobrenatural desta história).
Capítulo 1 (excerto)
Abri os olhos. Senti que flutuava. À minha volta consegui distinguir as formas de pessoas a tentarem chegar à superfície da água. Muitas eram atiradas para baixo por objetos que caíam. Estranhamente, não sentia falta de ar apesar de estar-me a afastar da linha de superfície, a afundar-me cada vez mais. Quando pousei os pés no fundo, estava escuro como o breu. Não conseguia ver nada. Ainda assim, caminhei em frente. Aos poucos o chão pareceu ficar mais firme. Senti-me ficar mais pesada e o frio começou a fazer-se notar. Comecei a ver à medida que clareava. Olhei para o chão, quando ouvi um “splash”. O chão estava coberto por um líquido vermelho, pegajoso. Voltei a olhar para cima. Agora estava no interior de uma casa. As paredes, os móveis, tudo estava salpicado por esse líquido que eu sabia ser sangue. Era sempre sangue. Um chiar veio de trás de mim. Uma porta semi-aberta era a única coisa presente que poderia ter chiado daquela maneira. Abri-a completamente e entrei. Uma luz amarela vinha de uma lâmpada pendurada no tecto. Olhei em volta da divisão bolorenta. O único mobiliário era um espelho coberto por um pano cinza que não o tapava totalmente. Aproximei-me e puxei-o. Uma rapariga de cabelos pretos compridos e encaracolados olhava-me com os seus negros olhos. Ela estava coberta de sangue e agarrava num saco, também ensanguentado. Olhei para a minha mão. Não tinha nada. Voltei a olhar para a rapariga no espelho. Tinha a certeza que ela era eu, que o que via era o meu reflexo. Ela sorria enquanto erguia o saco e o abria. O meu olhar saltava entre o rosto da rapariga e as suas mãos. Do saco, ela tirou uma cabeça de cabelo negro. Não conseguia ver-lhe o rosto mas eu sabia a quem pertencia a cabeça. A rapariga largou o saco e agarrou o cabelo sem destapar a face daquela cabeça sem corpo. Eu olhei para os olhos da rapariga. Tentei gritar-lhe que não o fizesse mas a minha boca não abria. Ela começou a rir. O som ecoou pelo quarto/sala/o-que-quer-que-aquela-divisão-fosse. A minha atenção fixou-se na cabeça que a rapariga tinha nas mãos. Não conseguia controlar o meu corpo que se aproximava cada vez mais do espelho, pondo-me cara à cara com a cabeça sem corpo. Tentei fechar os olhos ou virar a cabeça, sem conseguir. O riso da rapariga ecoou mais uma vez pela divisão. A sua mão começou a desviar para o lado o cabelo da cabeça.
«Não!» Pensei. «Não quero ver.»
Mas a mão não parava. Metade da cara já era visível.
«Não! Pára! Não!»
- Não! – Gritei.
Estava de volta ao meu quarto. Bateram à porta e abriram-na. Estava escuro e eu não conseguia ver. Apercebi-me que algo entrava no meu quarto.
- Sam?
Aquela voz… Mathew!
Acendi a luz do candeeiro. Mathew recuou para o exterior com a luminosidade súbita. A porta abriu-se toda com ele a esfregar os olhos. O cabelo castanho-escuro dele estava completamente despenteado, como de costume. Embora parecesse acabado sair da cama, ainda tinha vestido o fato de trabalho.
Ele aproximou-se da cama e sentou-se. Apesar da sua presença, o medo ainda me corria nas veias. Não conseguia parar de tremer e estava prestes a rebentar-me em lágrimas. Mathew abraçou-me. Já não me perguntava se estava bem, já não me tentava reconfortar com palavras. Desde que viera para casa dele que os pesadelos estavam cada vez piores e mais frequentes.
Quando me acalmei, Mathew afastou-se. Sorriu apesar das olheiras evidenciarem o seu cansaço. Ele não gostava de trabalhar à noite. Porém a única vaga, o único horário que podia cumprir era o noturno. Entre os projetos para a empresa do pai e a organização da filial japonesa, ele não tinha quase tempo nenhum livre. Ele levantou-se, puxando-me até à cozinha. Como o sol ainda não tinha nascido, a casa parecia totalmente abandonada. O pessoal que tratava desta ainda estava a dormir. Silenciosamente e às escuras, tentámos fazer o pequeno-almoço.
- Lembras-te de te ter dito que ia falar com um amigo que é psicólogo?
Como estava tão escuro não conseguia ver o seu rosto, no entanto, sabia que ele sorria. Ele sabia perfeitamente que eu desgostava de qualquer tipo de médico mental ou conselheiro. Continuei a mordiscar a minha torrada com geleia sem lhe responder.
- Quando estava na empresa recebi um e-mail dele. Não pode vir mas pediu uma descrição dos teus sonhos quando os tiveres e disse que, se não conseguires distinguir o sonho da realidade, escrever num diário ajuda.
Endireitei-me na cadeira de costas altas. Não me interessava falar dos meus pesadelos. Quanto mais escrever sobre eles. A parte do diário era quase um golpe fatal há minha sanidade mental! Eu sabia distinguir entre o real e o sonho. Apenas tinha alguma dificuldade quando o corpo estava completamente alerta, o coração a bater mil-à-hora e num quarto escuro como o breu. Além de que por vezes o irreal não parecia ser tão não-real como eu pensava. Como o quarto do espelho. Ou a casa ensanguentada. Sentia que já lá tinha estado, só não me lembrava quando. Ou se já lá estive realmente. Contudo, tinha quase a certeza que essa noite fora a primeira vez que tinha visto aquela casa em sonho…
(...)
Abri os olhos. Senti que flutuava. À minha volta consegui distinguir as formas de pessoas a tentarem chegar à superfície da água. Muitas eram atiradas para baixo por objetos que caíam. Estranhamente, não sentia falta de ar apesar de estar-me a afastar da linha de superfície, a afundar-me cada vez mais. Quando pousei os pés no fundo, estava escuro como o breu. Não conseguia ver nada. Ainda assim, caminhei em frente. Aos poucos o chão pareceu ficar mais firme. Senti-me ficar mais pesada e o frio começou a fazer-se notar. Comecei a ver à medida que clareava. Olhei para o chão, quando ouvi um “splash”. O chão estava coberto por um líquido vermelho, pegajoso. Voltei a olhar para cima. Agora estava no interior de uma casa. As paredes, os móveis, tudo estava salpicado por esse líquido que eu sabia ser sangue. Era sempre sangue. Um chiar veio de trás de mim. Uma porta semi-aberta era a única coisa presente que poderia ter chiado daquela maneira. Abri-a completamente e entrei. Uma luz amarela vinha de uma lâmpada pendurada no tecto. Olhei em volta da divisão bolorenta. O único mobiliário era um espelho coberto por um pano cinza que não o tapava totalmente. Aproximei-me e puxei-o. Uma rapariga de cabelos pretos compridos e encaracolados olhava-me com os seus negros olhos. Ela estava coberta de sangue e agarrava num saco, também ensanguentado. Olhei para a minha mão. Não tinha nada. Voltei a olhar para a rapariga no espelho. Tinha a certeza que ela era eu, que o que via era o meu reflexo. Ela sorria enquanto erguia o saco e o abria. O meu olhar saltava entre o rosto da rapariga e as suas mãos. Do saco, ela tirou uma cabeça de cabelo negro. Não conseguia ver-lhe o rosto mas eu sabia a quem pertencia a cabeça. A rapariga largou o saco e agarrou o cabelo sem destapar a face daquela cabeça sem corpo. Eu olhei para os olhos da rapariga. Tentei gritar-lhe que não o fizesse mas a minha boca não abria. Ela começou a rir. O som ecoou pelo quarto/sala/o-que-quer-que-aquela-divisão-fosse. A minha atenção fixou-se na cabeça que a rapariga tinha nas mãos. Não conseguia controlar o meu corpo que se aproximava cada vez mais do espelho, pondo-me cara à cara com a cabeça sem corpo. Tentei fechar os olhos ou virar a cabeça, sem conseguir. O riso da rapariga ecoou mais uma vez pela divisão. A sua mão começou a desviar para o lado o cabelo da cabeça.
«Não!» Pensei. «Não quero ver.»
Mas a mão não parava. Metade da cara já era visível.
«Não! Pára! Não!»
- Não! – Gritei.
Estava de volta ao meu quarto. Bateram à porta e abriram-na. Estava escuro e eu não conseguia ver. Apercebi-me que algo entrava no meu quarto.
- Sam?
Aquela voz… Mathew!
Acendi a luz do candeeiro. Mathew recuou para o exterior com a luminosidade súbita. A porta abriu-se toda com ele a esfregar os olhos. O cabelo castanho-escuro dele estava completamente despenteado, como de costume. Embora parecesse acabado sair da cama, ainda tinha vestido o fato de trabalho.
Ele aproximou-se da cama e sentou-se. Apesar da sua presença, o medo ainda me corria nas veias. Não conseguia parar de tremer e estava prestes a rebentar-me em lágrimas. Mathew abraçou-me. Já não me perguntava se estava bem, já não me tentava reconfortar com palavras. Desde que viera para casa dele que os pesadelos estavam cada vez piores e mais frequentes.
Quando me acalmei, Mathew afastou-se. Sorriu apesar das olheiras evidenciarem o seu cansaço. Ele não gostava de trabalhar à noite. Porém a única vaga, o único horário que podia cumprir era o noturno. Entre os projetos para a empresa do pai e a organização da filial japonesa, ele não tinha quase tempo nenhum livre. Ele levantou-se, puxando-me até à cozinha. Como o sol ainda não tinha nascido, a casa parecia totalmente abandonada. O pessoal que tratava desta ainda estava a dormir. Silenciosamente e às escuras, tentámos fazer o pequeno-almoço.
- Lembras-te de te ter dito que ia falar com um amigo que é psicólogo?
Como estava tão escuro não conseguia ver o seu rosto, no entanto, sabia que ele sorria. Ele sabia perfeitamente que eu desgostava de qualquer tipo de médico mental ou conselheiro. Continuei a mordiscar a minha torrada com geleia sem lhe responder.
- Quando estava na empresa recebi um e-mail dele. Não pode vir mas pediu uma descrição dos teus sonhos quando os tiveres e disse que, se não conseguires distinguir o sonho da realidade, escrever num diário ajuda.
Endireitei-me na cadeira de costas altas. Não me interessava falar dos meus pesadelos. Quanto mais escrever sobre eles. A parte do diário era quase um golpe fatal há minha sanidade mental! Eu sabia distinguir entre o real e o sonho. Apenas tinha alguma dificuldade quando o corpo estava completamente alerta, o coração a bater mil-à-hora e num quarto escuro como o breu. Além de que por vezes o irreal não parecia ser tão não-real como eu pensava. Como o quarto do espelho. Ou a casa ensanguentada. Sentia que já lá tinha estado, só não me lembrava quando. Ou se já lá estive realmente. Contudo, tinha quase a certeza que essa noite fora a primeira vez que tinha visto aquela casa em sonho…
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