Hoje trago-vos a segunda parte do Desafio de Agosto da página Ficwriter Facts (aqui). Para os que não se recordam, este mês o objectivo era despertar um pouco a nossa criatividade e treinar a descrição. Foi dada uma imagem por dia ao longo de uma semana e os participantes tinham de descrever essa imagem como se fosse parte da nossa história. Na semana passada, puderam ler as descrições dos três primeiros
Dia 4 – Objecto: Machado (baseado em Décima Primeira Seta)
«Skeox olhou em volta. Os corpos de soldados envergando as cores inimigas começavam a amontoar-se aos seus pés. Pânico e confusão engoliam-no à medida que a batalha continuava. Um grito de guerra clamou pela sua atenção. Um inimigo aproximava-se de espada em riste e escudo levantado. Skeox desviou-se da lâmina torta e com o seu machado acertou no pescoço do inimigo, entre a cota de malha e o elmo, caindo de joelhos no chão com o morto. Arrancou o machado da carne, sangue esguichando por todo o lado. O seu olhar prendeu-se na lâmina afiada. Lembrava-se do dia em que tinha recebido a prata reluzente e o cabo de madeira polida. Em toda a sua extensão, o machado tinha marcas curvilíneas e arabescos delicados. Aquele machado tinha sido criado para decoração. Skeox sorriu ao pensar nessa absurdidade. Se o artesão não tencionava ver o seu trabalho utilizado daquela forma, teria criado algo frágil ou com outra forma além de arma de combate. A lâmina coberta de sangue seco parecia concordar com Skeox. Nunca naqueles anos todos a amolara, no entanto, o machado continuava tão perigosamente afiado como quando lhe tinha sido dado.»
Dia 5 – Cenário (baseado em A Guardiã de Monstros)
«Lindsay olhou para cima. As janelas que procurava viam-se logo acima da macieira carregada de fruta. Lindsay lembrava-se perfeitamente do último dia em que lá tinha estado, a olhar por aquela mesma janela. O edifício não tinha resistido tão bem aos anos quanto ela. E, segundo o que soubera, por pouco que não resistira aos acidentes. A parede branca amarelada e descascada pelo tempo dava-lhe um ar mais rústico e antigo que a idade que tinha. Talvez se a sua família não tivesse abandonado por completo a casa, Lindsay ainda teria ali a sua infância tal e qual a recordava. Suspirando, a rapariga baixou o olhar para a porta lateral. Não precisou de muita força para a abrir. O interior estava tão decrépito quanto o exterior. Se não mesmo pior. O pó e o lixo que entrara pelos buracos nas paredes, portas e janelas partidas não a surpreendia minimamente. Não que tivesse tempo para se preocupar com algo assim. Subiu ao segundo andar e entrou no seu antigo quarto. Lindsay aproximou-se da janela, vendo os ramos mais altos da macieira tocarem o fundo da janela. Aquela árvore não tinha estado ali antes. Não pode deixar de se perguntar quem a teria plantado ali e com que propósito. Olhou para o horizonte. A sombra de um carro solitário cortando a estrada a alta velocidade apanhou o seu olhar. Lindsay baixou-se de imediato. Eles tinham-na encontrado. Procurou o compartimento secreto, encastrado logo abaixo da janela e abriu-o. Tirou o que necessitava do interior e correu para a porta. O som de travões a chiar fê-la estacar. Gritos numa língua que não conhecia fizeram-se ouvir. Estrondos de algo pesado a cair e bater no chão chegou ao segundo andar. Lindsay deu meia volta, fechando a porta atrás de si. Aproximou-se da janela, espreitando o exterior. O único capanga que conseguia ver estava de costas ao telemóvel. Tapava o outro ouvido com um dedo, o que não era de estranhar uma vez que Lindsay conseguia ouvir o carro como se estivesse mesmo ao seu lado. Era a sua única hipótese. Felizmente para si, a janela abriu com o mínimo ruído. Saltou aterrando nos ramos superiores da árvore. Quem quer que tivesse plantado a única árvore por quilómetros mesmo debaixo da sua janela era um Génio Diabólico ou um Santo.»
Dia 6 – Objecto: Máquina de Escrever (baseado em As Caudas da Raposa)
«Kat espreitou para dentro do escritório. A vela acesa alumiava pouco. Contudo Kat tinha a certeza que a divisão estava vazia. Entrou e fechou devagarinho a porta atrás de si. Nunca fora grande fã da cultura trazida do outro lado do mar. E este era uns dos motivos. As paredes estavam cobertas de pinturas sem qualquer sentido. Coisas sem forma ou feitio. Uma mescla de cores como se uma criança tivesse deixado cair a tinta na tela. As cadeiras adornadas excessivamente cheiravam a pele curtida, o que Kat detestava. Compreendia o fascínio pelas carnes mas usar a pele de outro animal era algo de que não era capaz. Passou a mão por uma das cadeiras lamentando silenciosamente o destino daquele animal. Por cima da secretária, vários objectos, muitos que Kat não reconheceu, tinham sido abandonados de forma descuidada. Contudo só um chamou a sua atenção. Era preto e cheirava a metal e tinta. Já tinha sentido aquele cheiro anteriormente. Numa folha de papel com uma caligrafia estranha que nunca tinha visto antes. Kat baixou-se até os olhos estarem ao nível daquele objecto. O que seria? Tinha peças redondas com umas extensões finas que eram engolidas pelo interior escuro. No topo, um rolo e várias peças metálicas finas com marcas esquisitas nas pontas eram visíveis. Uma folha com aquela caligrafia estranha estava presa no objecto, a palavra interrompida. Então aquilo deveria ser o que produzia a estranha caligrafia.»
Dia 7 – Cenário (baseado em Décima Primeira Seta)
«Oblet parou o cavalo no topo do monte. A vista dali era incrível. Em todo o continente, aquele lugar deveria ser o mais belo. As montanhas erguiam-se altas entre as águas transbordantes dos rios. Pequenas colunas de fumo aqui e ali viam-se por entre o verde nas encostas. Monrehas, um santuário autêntico onde apenas os feiticeiros viviam, cujas terras negras, águas azuis e montanhas verdes todos os outros cobiçavam. Não fossem os poderosos e temidos Mundira, Monrehas certamente pertenceria a Héia ou a Soed, dando-lhes a vantagem que precisavam na guerra que se aproximava. Oblet fechou os olhos e inspirou o ar fresco. Certamente, este lugar era especial e valia a pena ser-se exilado por ele. Oblet Zaer iria proteger aquelas terras e os seus habitantes, nem que tivesse de recorrer a milagres. Virou o cavalo e desceu pelo caminho em direção à Montanha Enevoada, mesmo no centro daquelas terras, onde se dizia que os Deuses viviam.»
E, por último, queria acabar esta publicação para dizer que a página Projectos foi actualizada e as páginas Vermelho Artificial e Rosa Negra estão disponíveis, finalmente. A página de Décima Primeira Seta está a ser trabalhada ainda.
Já sabem como é. Deixem a vossa marca na página!
A Autora