Tal como prometido na publicação da semana passada, hoje vim partilhar com vocês as minhas entradas no Desafio de Abril da página Ficwriter Facts. Este mês, o desafio era Uma Semana de Drabbles, em que durante uma semana era dado um tema por dia para os participantes escreverem sobre entre 100 a 200 palavras. Agora vamos lá às minhas entradas e a uma pequena explicação de onde elas vieram.
No dia 1, o objetivo era a construção de uma cena de romance. A maioria das pessoas, eu incluída, pensam que cenas românticas são fáceis de escrever. Este desafio conseguiu provar-me que não é bem assim. Todas as minhas histórias tiveram até agora pequenas indicações de romance e consegui escrevê-las assim, "facilmente", pois tinha capítulos inteiros para basear esses sentimentos e os tornar credíveis. Nesses casos sim, é extremamente fácil escrever uma cena romântica independentemente do seu tamanho e proporção. No entanto, com um limite de 200 palavras, eu que só sei escrever capítulos com quase 1000 de cada vez, tive a certeza que este desafio seria muito mais difícil de se concretizar do que tinha imaginado.
Consegui escrever esta cena baseando-me nas personagens de Anéis de Prata que ainda não foi concluída. Talvez venha a aparecer na história, quem sabe.
«Neusa abriu os olhos lentamente. Conseguia ouvir um barulho longínquo como se alguém estivesse a martelar uma parede. Ouviu o seu nome ser pronunciado mas a escuridão era tanta e estava tão fraca que não conseguia responder. Algo quente foi-lhe dado a beber. Reconheceu o sabor imediatamente. Sentindo uma explosão de energia, Neusa olhou para a pessoa ao seu lado. Leon, quem tinha considerado o seu maior inimigo, estava ali. Tinha-a salvo. Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Neusa. Aquela pessoa podê-la-ia ter destruído trinta anos antes e não o fizera. Agora que Neusa estava preparada para morrer, cumprida a sua vingança, Leon salvava-a. Porquê? Porque a ajudava, porque lhe dizia para não morrer? Leon abraçou-a com força. “Perdoa-me”, dizia ele. “Perdoa-me.” Os seus lábios pousaram nos de Neusa que adormeceu, embalada nos braços de quem a tinha ajudado mais do que ela imaginava.»
Dia 2 - Cena de Drama
Mais uma vez, encontrei o mesmo problema que no primeiro dia. Ter um limite de palavras, causou-me um stress na hora de escrever que nem imaginam. Ter que cortar nos detalhes, nas descrições, por aí fora, deu-me cabo, completamente, da cabeça. No entanto, consegui escrever este bocadinho baseado em Espectro.
«Sean olhou por cima do ombro para o grupo de três que a seguiam. Ser um monstro dava realmente jeito nestas alturas. Agarrou no telemóvel e ligou para ela.
- Entra no próximo beco. Sem perguntas.
Desligou, deixando-se cair no beco escuro. Assim que ela apareceu, puxou-a e escondeu-a junto dos cartões de um sem-abrigo qualquer que não estava ali naquela noite. Talvez por sorte sua. Pôs folhas de jornal em cima dela e um farrapo velho.
- Quando deixares de nos ouvir, força a entrada no prédio e sai pela porta da frente com outro casaco. Apanha um táxi. Usa o dinheiro que te dei.
Ele levantou-se e afastou-se. O grupo parou à entrada do beco. Ela ficou quieta. Pelo canto do olho, viu Sean saltar e o grupo correr para o apanhar, dois pelo chão e o outro pelas escadas de ferro. Nesse momento, teve o pressentimento de que nunca mais o veria.»
Dia 3 - Cena de Comédia
Infelizmente, acabei por não escrever uma entrada neste dia. Nunca fui grande fã de comédias e embora, de vez em quando, consiga tirar deste cérebro carregado de descrições uma cena engraçada, não há nada que eu escreva que possa ser considerado comédia. Dito isto, no dia 5 escrevi uma cena que poderia ter entrado neste dia, sem problemas devido à sua natureza mais leve. Enfim. Fiquemos por aqui e passemos ao próximo dia.
Dia 4 - Cena de Terror
Quando estava a pensar no que escrever para este dia, para não ficar sem participar dois dias seguidos, fiquei surpreendida com a quantidade de histórias ou projetos que eu tenho que caso me tivesse apetecido poderiam ter virado histórias de terror. Seria tão fácil fazê-lo... contudo, este género não é a minha praia portanto vou deixar isso para os profissionais do terror e manter-me com a fantasia.
Esta cena é baseada em A Décima Primeira Seta, que ainda está em construção. Mais uma vez, é possível que acabe por aparecer na história final, quem sabe?
«Sky escondeu-se atrás da rapariga que tinha aparecido. Os três homens, mercenários com sorrisos podres que enviavam arrepios pela espinha da Herdeira da casa Guinav, tinham as suas espadas tortas nas mãos. Sky Guinav ponderou se usaria a sua magia neles. Mas tinha medo do que pudesse acontecer naquela montanha onde a magia era viva e tinha vontade própria.
Uma seta voou de um lugar escondido acertando no peito da rapariga que a protegia. Um grito ouviu-se quando uma segunda rapariga, parecida com a primeira, apareceu. Ela olhou para os três homens e uma aura negra tomou forma à sua volta. O medo percorreu Sky ao ver os olhos azuis tornarem-se vermelhos e negros, um ser demoníaco e não uma humana estava à sua frente. A rapariga ergueu a mão esquerda e correntes vermelhas rasgaram a sua pele, atacando os três homens e o quarto arqueiro escondido e reduzindo-os a esqueletos deformados em meros segundos. As plantas, as árvores, tudo à sua volta morria. A criatura olhou para Sky e o medo paralisou-a. Não tinha como escapar.»
Dia 5 - Cena de Família
E aqui está o dia 5 que também poderia ter sido dia 3. O tema deste dia era família. Este também foi complicado pelo simples motivo que as minhas personagens raramente têm uma família feliz ou uma família de todo. Em A Chave Verde, a única família que chegamos a conhecer, durante a história, é a de Thomas e mesmo essa não é exatamente feliz. Nas Extenguius, idém aspas. Nos novos projetos, apenas em As Caudas da Raposa é que há menção a uma família feliz no passado da nossa protagonista. Então acabei por escrever uma cena baseada nesse passado. Esta cena provavelmente, não chegará a aparecer na história final ao contrário das outras uma vez que a nossa protagonista não é apegada ao passado, pelo contrário.
«Tobi Almea pestanejou confuso. A pequena Katerina não parava de chorar e tanto Sacha como Ritsu estavam fora de casa. Tobi, desesperado, invocou uma brisa que despenteou o pêlo negro da bebé raposa à sua frente. O choro pára por momentos e Kat ri-se. Tobi olhou em volta, como se tentasse garantir que ninguém o via, e invocou um pequeno tornado na pequena cabana. As gargalhadas da bebé cresceram à medida que o tornado aumentou de tamanho, desarrumando e lançando pelo ar tudo o que apanhava pelo caminho.
Tobi suspirou de cansaço ao ver a pequena raposa dormir na sua cama. Ouviu a porta da cabana abrir, sentindo um arrepio percorrer a sua espinha. Abriu a janela do quarto discretamente ao ouvir algo pesado cair no chão. Já com uma perna de fora, viu a porta do quarto abrir. Uma raposa vermelha furiosa entrou. Os seus olhos pousaram em Kat e saltaram ao encontro dos de Tobi. Sacha sussurrou, contendo a sua enorme fúria e usando a sua poderosa habilidade para controlar o raposo:
- Tobi. Vai. Arrumar. A casa.»
Dia 6 - Cena de Amizade
Aqui está uma cena baseada no meu livro A Chave Verde. Tinha muito por onde escolher para este tema uma vez que a amizade é bastante importante para a maioria dos meus personagens. No entanto, como todos os outros dias tinham sido baseados em projetos inacabados (exceto dia 2) decidi que iria agarrar na nossa personagem principal, o Rei João, e no seu melhor amigo e explorar uma das memórias que nos é dada logo no primeiro capítulo. E aqui está o que saiu dessa ideia.
«João parou à beira do lago de águas cristalinas. Agachou-se para ver melhor os peixes de variadas cores nadarem despreocupadamente tão perigosamente perto da margem. A flauta da mãe embalava o ar em sua volta. João dava graças sempre que a mãe vinha descansar naquela clareira com o lago. Eram as únicas vezes em que ele, com apenas dez anos, podia explorar o pequeno bosque. De repente, perdeu o equilíbrio, empurrado por alguém, e caiu nas águas frias cristalinas. Deixou de ouvir a flauta da mãe para ouvir as suas risadas e as de outra pessoa. Levantando-se com as águas a darem-lhe pela cintura, virou-se para Tiago. Apesar de ser mais novo que ele e de diferente família, o rapaz era o único que o tratava como um igual. Todos os outros, não brincavam com ele por os seus pais serem da nobreza. Tiago estendeu a mão para o ajudar a sair da água. João vingou-se da brincadeira, puxando Tiago para dentro do lago. Com a vigia absoluta da mãe de João, os dois rapazes brincaram até altas horas da noite. Tornaram-se os melhores amigos, nem se separando quando um tornou-se rei e outro seu comandante real.»
Dia 7 - Cena que represente algo que você já viveu como escritor(a)
Este dia 7 calhou no Domingo de Páscoa. Na minha família, isso implica nada de computador e passar o dia no carro a correr de trás para a frente e vice-versa para visitar todos os tios e tias e primos e primas em busca das amêndoas de chocolates e dos folares das madrinhas e dos padrinhos de baptismo. E como no dia seguinte tive que ir trabalhar às 5 da manhã (devia de ser proibido começar o trabalho a essa hora!) acabei por não participar nem mesmo à noite depois de vir da viagem da terra (onde toda a família mora menos eu, pais e avós só para chatear, basicamente). Contudo se viesse a escrever algo, acabaria por basear nas personagens de Anéis de Prata (criando uma alusão à pressão que acabei por sentir ao sair da faculdade ou algo semelhante) ou criaria uma personagem completamente nova, descrevendo uma memória minha o mais fielmente possível, talvez. Quem sabe o que teria saído se eu tivesse chegado a escrever no dia. Nunca iremos saber agora!
O que acharam?
Deixem a vossa marca na página!
A Autora